A Sociedade Filarmónica Recreio Santamarense (SFRS) foi fundada a 13 de Maio de 1946, tendo como madrinha Maria José Botelho, filha desta terra emigrada na América.
Foram sócios fundadores desta filarmónica 33 filhos desta freguesia devastada pela emigração para as Américas e que contava, na altura, com cerca de 670 habitantes. A música era, habitualmente, executada em instrumentos de corda nas folgas, música esta com um caráter popular e de baile, sendo a mais apreciada e tocada a famosa Chamarrita, ou então por um grupo de foliões que apenas atuava pelas festas do Espírito
A Sociedade Filarmónica Recreio Santamarense (SFRS) foi fundada a 13 de Maio de 1946, tendo como madrinha Maria José Botelho, filha desta terra emigrada na América.
Foram sócios fundadores desta filarmónica 33 filhos desta freguesia devastada pela emigração para as Américas e que contava, na altura, com cerca de 670 habitantes. A música era, habitualmente, executada em instrumentos de corda nas folgas, música esta com um caráter popular e de baile, sendo a mais apreciada e tocada a famosa Chamarrita, ou então por um grupo de foliões que apenas atuava pelas festas do Espírito Santo.
Esta filarmónica surge na mais pequena freguesia da ilha do Pico, porém as suas gentes nunca se renderam à sua pequenez e isolamento.
Os sócios fundadores da filarmónica tiveram de entrar com o montante de 500$00 para pagamento da cota, valor que na época correspondia ao preço de um boi: muitos foram os sócios que tiveram que vender 1 boi a bem de poderem pagar a sua cota. Ficou lavrado nos estatutos desta sociedade, que esta seria uma sociedade fechada em que, por morte, as cotas seriam passadas a herdeiros dos fundadores, não sendo prevista a entrada de novos sócios.
A primeira direção ficou composta pelo Padre Glória (presidente), Amaro Silva (secretário) e Luís Pereira (tesoureiro).
A SFRS ficou sediada na Casa da Copeira e antes de haver a sua própria sede, os ensaios eram feitos na sala de casa do Amaro Silva - um dos 33 sócios fundadores.
Para muitos dos músicos, os sapatos da filarmónica foram os primeiros a entrar naqueles pés calejados de andarem descalços e de albarcas ao longo de todos os dias dos anos que já tinham de vida.
O tecido do primeiro fardamento era de cotim branco e todo ele tomou molde pelas mãos das então afamadas costureiras de Santo Amaro. O primeiro instrumental veio de Lisboa, embora só pudesse ser pago porque houve mãos de beneméritos que muito ajudaram a filarmónica, oferecendo e emprestando dinheiro e tendo a paciência de esperar até que as dívidas fossem saldadas.
Antigamente, o dinheiro que a filarmónica ganhava provinha das tocatas e dos peditórios que se faziam pela freguesia, se bem que algum extra era oferecido por benfeitores, filhos desta terra que não deixavam de apoiar esta agremiação cultural quer aqui, quer nas Américas.
A primeira versão da sede da SFRS começou a ser construída em 1970, nunca tendo sido terminada. Os trabalhadores que ergueram este edifício foram os próprios tocadores, dirigentes e gentes da freguesia que deram o seu suor, sem cobrar um tostão, para oferecerem à sua filarmónica uma casa digna. Começou-se a fazer a “casa da música”, como é assim chamada até aos nossos dias, com 6 contos, dinheiro ganho em tocatas e peditórios.
Mesmo assim, o mar “ingrato” derrubou as primeiras paredes que se ergueram, fazendo redobrar o esforço, o trabalho e as despesas. Mas não houve nada nem ninguém que os fizesse desistir.
Desde o início, a sede da SFRS serviu de apoio à freguesia para a realização de eventos e festividades. Perante a sua utilidade e pelo fato de ser um imóvel inacabado, verificou-se a necessidade de se realizarem obras com a finalidade desta filarmónica ter um espaço adequado e condigno para as atividades que promove. Sendo assim, iniciaram-se os trabalhos de ampliação e alteração do edifício em 1997: desta vez foi efetuada uma remodelação total do edifício, pelo que foi ampliado com mais 120 m².
Esta tarefa não foi um mar de rosas. Muito pelo contrário, uma vez que a SFRS não possuía verbas para financiar as obras: valeu-lhe, principalmente, a Câmara Municipal de São Roque e os contributos das SREAS/DRC e SRHE.
No entanto, o acontecimento que mais sobressai nesta fase da história da filarmónica é a morte drástica do seu presidente e músico Paulo Roque Matos, em virtude do desabamento da estrutura da cobertura do edifício, num dia extremamente ventoso.
A Sociedade Filarmónica Recreio Santamarense demorou algum tempo a recompor-se, mas teimosamente, as obras foram concluídas e a nova versão da sede foi inaugurada a 3 de setembro de 2000.
Mais tarde, entre 2010 e 2013, a sede é melhorada, recebendo um palco com sistema de luzes e som, tratamento acústico do salão de eventos e instalação de ar condicionado. Efetuaram-se também obras de beneficiação nas condições da cozinha e instalou-se o sistema de exaustão. Foram ainda melhoradas as salas dos instrumentos, do arquivo e da direção e procedeu-se à construção de alpendres.
O edifício atual encontra-se implantado no mesmo local do seu antecessor, no limite da orla costeira, constituindo uma das fachadas do espaço público central da freguesia denominado Largo da Igreja, conjuntamente com a igreja, a escola, o salão paroquial e casa da copeira.
A Sociedade Filarmónica Recreio Santamarense é uma das mais recentes da ilha do Pico, contando apenas com 21 músicos da freguesia, o que torna indispensável o apoio de tocadores de outras filarmónicas da ilha e de jovens de outras localidades, principalmente da vizinha freguesia da Ribeirinha.
As fontes de receita da SFRS resultam das tocatas que realiza fora da freguesia (se bem que na freguesia as tocatas habituais são gratuitas), dos lucros da Festa de Nossa Sra. de Fátima, do restaurante habitualmente realizado durante as Festas Cais Agosto, dos apoios da Direção Regional da Cultura e da Câmara Municipal de São Roque do Pico.
Os primeiros e únicos estatutos da desta filarmónica datam de 13-08-1946.
Em 2009, por despacho da Presidência do Governo Regional n.º 131/2009 de 29 de janeiro, a SFRS foi declarada Instituição de Utilidade Pública.