Data a 1ª banda constituída nos Açores de 1831, (Azores Islands - A History, vol 5) Batalhão nº5 da Ilha Terceira.
Provavelmente passada a fase tempestiva da introdução do liberalismo, trouxeram na bonança dos seus ventos a semente das filarmónicas, rapidamente, colocadas ao serviço dos partidos políticos, então liderados pelos abastados e socialmente bem colocados “barões”, que os suportavam financeiramente.
Diz Pulido Valente que o liberalmente foi a usurpação dos poderes, ainda, independentes ou semi-independente como a igreja e as universidades, a que se de
Data a 1ª banda constituída nos Açores de 1831, (Azores Islands - A History, vol 5) Batalhão nº5 da Ilha Terceira.
Provavelmente passada a fase tempestiva da introdução do liberalismo, trouxeram na bonança dos seus ventos a semente das filarmónicas, rapidamente, colocadas ao serviço dos partidos políticos, então liderados pelos abastados e socialmente bem colocados “barões”, que os suportavam financeiramente.
Diz Pulido Valente que o liberalmente foi a usurpação dos poderes, ainda, independentes ou semi-independente como a igreja e as universidades, a que se deve juntar as Câmaras Municipais, considerando que estas foram sucessivamente perdendo o seu poder autónomo.
Assiste-se assim a uma época negra para a gestão local, praticamente, transformada exclusivamente em colectora de impostos.
Ao nível de igreja pode destacar-se a abolição das ordens religiosas e a criação das juntas de paróquia, que passam a titular os bens das diferentes confrarias religiosas e a quem devem ser prestadas contas.
É neste contexto que se concentra o poder político em duas famílias jorgenses: - Cunhas e Albergarias -, que controlam respectivamente o partido regenerador e o partido progressista, partidos históricos portugueses do rotativismo da Monarquia Constitucional de finais do século XIX.
É a partir do interesse de um indivíduo e de seu grupo de influência que passam a ser geridas as populações.
É neste ambiente de influência e de procura de apoio popular que terá surgido a presença do partido progressista em Santo Antão, em oposição ao partido regenerador implementado na Vila do Topo e na própria Calheta, espicaçando e apoiando a criação da freguesia. O Partido Progressista e o Partido Regenerador dividiram os portugueses criando guerras psicológicas e sociológicas Como se atesta do excelente exemplo do Seixal onde existe, ainda hoje, entre duas Sociedades Filarmónicas, em que uma apoiava o partido Regenerador (a Timbre Seixalense) e, havendo pessoas que não apoiavam este partido, criaram a Sociedade Filarmónica União Seixalense (em 1871), apoiando assim o Partido Progressista. Actualmente ambas existem, graças provavelmente às desavenças e diferenças partidárias existentes. Também no Topo parece verificar-se situação idêntica. A Vila do Topo, onde está sedeada a então filarmónica Recreio Topense, é contra a separação e politicamente suportada no partido regenerador, então liderado no Concelho da Calheta pelo ilustríssimo João Caetano de Sousa e Lacerda, pai do maestro Francisco Lacerda.
Santo Antão maioritariamente inclinada para o partido progressista e onde viria a surgir a Filarmónica de Santo Antão, cujo maestro sabemos quem é mas desconhecendo - se a origem do instrumental, com excepção do bombo vindo da Ilha Terceira em Abril de 1889. A primeira actuação é no dia de Santo Antão de 1889 e no dia 20 vão cumprimentar as pessoas que contribuíram, sendo o morgado João Inácio B. Noronha, provavelmente o primeiro benfeitor desta música.
Por recolha do Sr. Francisco Borba junto do Sr. Luís Gonzaga Marques, o Sr. Manuel Azevedo Silveira (Macela) ou Manuel Silveira Bettencourt teria ido buscar o instrumental à Urzelina e este pertencia à Viscondessa de S. Mateus (Partido Progressista). Estamos em querer que na fase da Viscondessa a filarmónica adoptou o nome de Lyra Jorgense. Por pura especulação é um nome usado à época no Concelho das Velas com presença regular nas sucessivas edições do Jornal “O Jorgense”. É um nome mais abrangente do que Topense, além de que já havia a Recreio Topense e pretendia quebrar – se o elo com aquela freguesia; E Lyra pode vir de outra Banda patrocinada inicialmente pela Viscondessa, “Lyra Urzelinense” com sede na Ribeira do Nabo. Parece poder deduzir - se alguma lógica na exposição deste raciocínio, que não sendo mais do que a conjunção de hipóteses, fica exposto na arena da discussão aguardando que se ilumine a sua consagração ou a extinção, suportada em futura possibilidade de fundamentação.
Foram tempos muito complicados, o período que vai até fim de 1895, desde os primeiros momentos em que o Povo de Santo Antão reenvidica direitos, passando pela constituição da paróquia com a publicação do Decreto de 6-6-1889 e de Freguesia em Agosto de 1891, até à determinação, pelo governador de distrito Dr. José Pimentel Homem de Noronha, que seja dado cumprimento ao Decreto de 27 de Agosto de 1891, efectivando-se a separação de freguesias.
Voltando à filarmónica e suportado na consulta efectuada a alguns exemplares da época do Jornal “O Insulano”, com sede em Vila do Topo, em posse e editado por membro da Junta de Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, logo de resistência às intenções do Povo de Santo Antão, esse só vem reconhecer a criação efectiva da freguesia em 1895, ano em que também aceita a criação da nova filarmónica de Santo Antão e referenciando que a Recreio Topense, vem a Santo Antão prestar comprimentos à nova filarmónica. Pode aqui ter havido algum interregno, sobretudo no ano de 1894 em que nada se encontrou até esta data de referência à filarmónica.
Esta, Recreio Topense, é presidida pelo primeiro Professor de Santo Antão, Manuel Henrique Borges e primeiro Presidente da Junta de Paróquia de Santo Antão eleita, terá passado a partir de fim de 1895 e meados de 1896 por um processo de extinção, surgindo em 01-12-1896 o Clube União. Situação digna de outra análise para o que alvitramos a possibilidade de a Recreio Topense ter terminado com a efectivação de separação das duas freguesias, tendo, inclusive, em linha de conta a forte possibilidade, de ter tal como a freguesia, enfrentado um processo de divisionamento.
Por documentação da época fica a ideia, desde o inicio da década de 1880 que havia um clube de recreio. Falando-se na criação de um teatro (entenda - se sala de espectáculos). Como o nome sugere terá havido aqui uma união, perfeitamente credível, para em nome da freguesia e do orgulho ferido mostrarem a sua valia aos de Santo Antão, com quem rivalizavam e cujo povo, em geral, estaria unido no interesse da freguesia, sobretudo contra os do monte.
Infelizmente, não foi possível analisar a quantidade de documentação, relativa às duas ultimas décadas do século XIX, necessária a poder perceber a data efectiva em que a Filarmónica de Santo Antão passa a ter a denominação de Lyra Jorgense, observando – se a primeira referência em 1898.
Outra passagem registada em 1893 no jornal “O Insulano”, por comunicado, é uma celebração do Espírito Santo junto à moradia de Bartolomeu Teixeira Brasil, subscrita pelo Manuel Maria Silveira Bettencourt (S.B., sigla que já utilizava em 1882 no jornal O Picaroto).
Os elementos referidos como fundadores da filarmónica são:
- Bento Luis de Mendonça (nasceu em 1870)
- José Enes de Sousa (nasceu em 1870)
- José Guilherminio Soares (nasceu em 1867)
- Manuel Maria Silveira Bettencourt (nasceu em 1860)
Não se sabe ao certo quando foi adoptada a designação de Recreio dos Lavradores, equacionando-se que terá acontecido em 1934, conforme consta em artigo de Rei Bori, Musicografia de São Jorge, publicado no Diário Insular em 1987.
Fica a ideia de que a mais forte organização de Santo Antão é a Confraria de Nossa Senhora de Lourdes, inclusive é esta que se responsabiliza por levar a efeito as obras necessárias na Ermida de Santo Antão para esta poder passar a paróquia, conforme reunião relatada no Ecco Jorgense, ali ocorrida com autoridades e fregueses.
Terá sido através desta confraria que surgiu a primeira filarmónica de Santo Antão. Seria importante conhecer os livros desta confraria, pois acreditamos que terá sido a partir da sua organização e liderança que se desenvolvem os movimentos para a criação da filarmónica e da freguesia.
Conjugando-se a motivação da confraria para a separação, recordando que todos os bens das confrarias passaram para as Junta da Paróquia, que pouco fez na Ermida de Santo Antão, apesar de terem os bens, incluindo os do padre Ambrósio, ainda tinham de repor algum valor que não estivesse inventariado.
Há referência verbal dos ensaios terem ocorrido no sótão da casa do Sr. José Guilhermino. Mais tarde na Casa do Espírito Santo de Santo Antão, vindo a passar para uma edificação hoje demolido, onde funcionaram a Junta de freguesia e Casa do Povo, junto ao Salão Paroquial. Em 1978 foi inaugurada a Sede própria e cujas obras de ampliação e remodelação foram inauguradas em Setembro de 2005.
No fim dos anos de 1940 esteve em construção a sede da Recreio dos Lavradores, no local onde hoje existe a garagem da casa da D. Florinda, sendo depois do falecimento do então presidente José Inácio da Silveira, demolida e a pedra utilizada na construção da escola primária de Santo Antão, no âmbito do plano centenário. Terá sido na época do Sr. José Inácio da Silveira que se terá verificado a separação da filarmónica da igreja, vindo a concretizar-se com estatutos próprios.
Muitas foram as pessoas que contribuíram para o engrandecimento desta instituição, desde músicos, sócios, simpatizantes, regentes, elementos que compuseram os seus corpos gerentes ao longo destes mais de 120 anos. De entre os quais, destacam-se os primeiros presidentes e fundadores, Manuel Maria Silveira Bettencourt, Bento Luis Mendonça, José Enes de Sousa, José Guilhermino Soares, e o primeiro maestro, Mestre Manuel Maria Silveira Bettencourt, até 1899. Actualmente a filarmónica teve como seu maestro o Sr. António Natalino Brasil, até 2007, seguindo-se do senhor António Sousa até 2018, seguidamente o senhor Eduardo Borba até 2021, e atualmente conta com o senhor Aires Reis como regente, contando com um conjunto de cerca de 30 elementos e uma escola de música activa.